Vilas do Ouro

Para entender os 300 anos de elevação à categoria de vila é preciso voltar no tempo, conhecer um pouco dos homens da época, suas ambições e sonhos. A descoberta do ouro despertou cobiça, atraiu gente de todo canto e gerou praticamente uma terra sem lei nos arraiais mineradores, no século 17 e no início do 18. “Era uma verdadeira desordem, pois não havia autoridades e o governo se encontrava sempre distante”, diz a professora Carla Anastasia, do Departamento de História da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Para colocar ordem e normatizar administrativamente os lugarejos, explica, o governador da Capitania das Minas de Ouro e São Paulo, Antônio de Albuquerque, criou, em 1711, as primeiras vilas, que, na sequência, passam a funcionar como cabeça de comarca.

Dentro desse cenário, nascem Mariana, elevada à condição de vila em 8 de abril de 1711, e Ouro Preto, ex-Vila Rica, em 8 de julho de 1711 – ambas ficando à frente da comarca de Ouro Preto –, e Sabará, antiga Vila Real de Nossa Senhora da Conceição de Sabará, em 17 de julho de 1711, centro da comarca do Rio das Velhas. São João del-Rei muda de categoria em 1713 e se torna sede da comarca do Rio das Mortes.

A nova condição deu às vilas uma série de avanços políticos e administrativos, como a formação da câmara de vereadores, o chamado Senado da Câmara. Como sede da comarca, receberam um juiz ordinário e a figura do ouvidor. (...) Nem todos deixaram de ser arraiais por decisão espontânea de Portugal. De acordo com os autos, Mariana, Ouro Preto, Sabará, São João del-Rei e Serro foram os únicos povoamentos que chegaram à condição de vila por decisão da Coroa Portuguesa. Alguns povoados, como Pitangui, foram elevados por pedidos dos paulistas que estavam na região. A solicitação, no entanto, não implicava resposta positiva, já que o governador da capitania poderia aprová-la ou não.

É bom lembrar que, em pleno século 18, os arraiais não apresentavam o menor sinal do que são hoje as cidades do circuito do ouro. Carla Anastasia ressalta que eram formados por ranchos cobertos de sapé. Passados 300 anos, as cidades ainda apresentam uma série de problemas, sendo um dos mais difíceis de conciliar o crescimento urbano com a preservação de seu casario histórico, construído em especial nos séculos 18 e 19.

OUTRAS VILAS:  Outras três cidades mineiras vão comemorar 300 anos de elevação à condição de vila. São elas São João del-Rei, no Campo das Vertentes, Caeté, na Grande BH, e Serro, no Vale do Jequitinhonha. Em 1715, será a vez de Pitangui, a sétima vila do ouro de Minas, que terá festas entre o Mundial e as Olimpíadas de 2016. Os prefeitos têm desafios e mostram seus planos e esperanças, em termos de serviços, melhoramento de rodovias, construção de terminais turísticos e resolução de problemas urbanos.

In: Ordem nos arraiais

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