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Mostrando postagens de julho, 2010

Muito além do mito

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Entrevista/Luiz Bernardo Pericás Historiador retoma os estudos sobre o cangaço e propõe nova interpretação histórica do fenômeno O fenômeno do cangaço, que teve início ainda no século 19, viveu seu apogeu nos anos 1920 e terminou no fim dos anos 1930, com a morte de Lampião e boa parte do seu grupo, no estado de Sergipe, já rendeu dezenas de livros, incontáveis teses acadêmicas, além de vários filmes. Histórias sobre estes homens e mulheres, que com seus rifles “à bandoleira”, indumentárias especiais e muita disposição para a briga vagavam de um estado a outro do Nordeste, continuam a ser passadas de pai para filho, sobretudo no palco onde se deram os acontecimentos. “O cangaço está incrustado no imaginário social brasileiro”, diz o historiador Luiz Bernardo Pericás, que depois de anos de pesquisas acaba de publicar, pela Boitempo Editorial, o livro Os cangaceiros – ensaio de interpretação histórica, com o qual pretende lançar novas luzes sobre o tema, que ainda parece longe de

Congresso absolve MST

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O MST jamais desviou dinheiro público para realizar ocupações de terra – eis a conclusão da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito), integrada por deputados federais e senadores, instaurada para apurar se havia fundamento nas acusações, orquestradas pelos senhores do latifúndio, de que os movimentos comprometidos com a reforma agrária se apoderaram de recursos oficiais. Em oito meses, foram convocadas 13 audiências públicas. As contas de dezenas de cooperativas de agricultores e associações de apoio à reforma agrária foram exaustivamente vasculhadas. Nada foi apurado. Segundo o relator, o deputado federal Jilmar Tatto (PT/SP), “foi uma CPMI desnecessária”. Não tão desnecessária assim, pois provou, oficialmente, que as denúncias da bancada ruralista no Congresso são infundadas. E constatou-se que entidades e movimentos voltados à reforma fundiária desenvolvem sério trabalho de aperfeiçoamento da agricultura familiar e qualificação técnica dos agricultores. O que os denunciantes

Assim se benze em Minas Gerais

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“Assim se Benze em Minas Gerais” dos escritores Núbia Pereira de Magalhães Gomes e Edimilson de Almeida Pereira, recebeu a primeira menção honrosa no Concurso Nacional de Folclore Sílvio Romero/FUNARTE, em 1987. Recomendo  aqueles fascinados com a arte de curar e que acreditam no conhecimento da medicina de Deus e dos mitos. É antes de tudo é um importante acervo para a cultura popular brasileira. Uma pequena mostra do estudo desses autores que carinhosamente autografaram para a minha grande amiga Fatima, O silêncio guarda a Palavra Sagrada. Ouçamos o silêncio. O Carinho, Edmilson (17/01/90); Amor e carinho a gente aprende em família mesmo. Te gosto tanto! Tia Núbia (17/01/90). Espinhela caída e ventre virado talvez seja um dos males que mais afetam "os filhos de Deus": é a "entrada" de um osso (o apêndice xifóide ou espinhela) que produz  vômitos, enjôos, falta de ar, cansaço. (...) O benzedor, ao empregar a palavra sagrada no momento propício, liberta jun

Marujada de Acaiaca na Pracinha de Palmeiras - Ponte Nova

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A referência à pátria primeira, Mãe África, do outro lado do mar, cria o espaço sagrado e distante separado das águas. Antes da chegada à outra terra, houve a grande massa oceânica que os navios tiveram que transpor. E assim a Marujada de Acaiaca - MG invoca a Senhora do Rosário, fazendo da Pracinha de Palmeiras de Ponte Nova um lugar sagrado. De coração aberto, ajoelhados agradecem, levando os fios da corrente do Rosário; herdeiros de uma tradição sagrada, fechados e abertos simultaneamente sobre si mesmos e o mundo. A alma e o corpo são os pontos sensíveis da Marujada!!!

Ouro Branco dá exemplo

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Comunidade se mobiliza e consegue patrocínio para recuperar pintura de mestre Ataíde. Luta levou 13 anos, mas sucesso do esforço aumentou a autoestima da população da cidade mineira Walter Sebastião                                    Renato Weil/EM/D.A Press Em Ouro Branco, restauradores trabalham na Matriz de Santo Antônio para recuperar obras de Ataíde Desde dezembro, vem sendo restaurada monumental obra de mestre Ataíde abrigada na Matriz de Santo Antônio, em Ouro Branco. O processo se deve à mobilização da Associação de Amigos da Cultura de Ouro Branco (Aacob). Depois de 13 anos de luta, a comunidade conseguiu patrocínio no fim de 2009. “Até 2012, estaremos com a igreja em toda a sua plenitude, com a arquitetura e as obras de arte restauradas”, conta Edilson Nascimento, fundador da entidade. Edilson diz que, além da expectativa de atrair turistas a Ouro Branco, “o mais importante é a cidade ver o seu patrimônio preservado, sentir que sua história está representada

Sem perdão

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Gênio da arte colonial brasileira, mestre Ataíde merece mais atenção. Obras importantes, como a pintura do forro em igreja de Mariana, correm o risco de se perder para sempre Walter Sebastião                                                               Renato Weil/EM/D.A Press O Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana será encerrado hoje. Ao adotar o tema Ataíde – traços e cores do nosso tempo, o evento chamou a atenção para o legado de um dos artistas mais fascinantes da arte brasileira: Manoel da Costa Ataíde (1762-1826). Ele é conhecido pela monumental pintura no forro da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, mas essa é apenas uma de suas obras primorosas. Seu rico trabalho está espalhado por vários pontos de Minas Gerais, como Ouro Preto, Belo Vale, Mariana, Santa Bárbara, São Bartolomeu, Itaverava e o Santuário do Caraça. Ataíde não foi apenas um artista famoso do Brasil colônia. Ainda hoje, seu talento encanta o público. Felizmente, nos últimos anos, am

Opulência e desigualdade

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                            Bonito - MS por Dal Marcondes O Brasil tem 12% da água doce do planeta, mal distribuída porém O Brasil mantém uma posição privilegiada no cenário mundial: detém cerca de 12% da água doce superficial do planeta, enquanto regiões da Europa, como Portugal e Espanha, além de Oriente Médio e grande parte da África, lutam contra a escassez crônica do produto. A distribuição pelo território brasileiro é, porém, desigual. A Amazônia derrama no mar 78% da água superficial do Brasil, com um excedente hídrico que atrai a cobiça global. O Sudeste fica com apenas 6%, o que representa um grande déficit, pois tem de irrigar quase metade da produção agrícola do País e dar de beber a cerca da metade dos 190 milhões de brasileiros, além de fornecer água para mover 50% do Produto Interno Bruto industrial. Isso coloca a região em um patamar crítico, com menos de 10% do volume de água por habitante preconizado pelas Nações Unidas, ou apenas 200 metros cúbicos por segundo/ano.

Chiquinha Gonzaga - Biografia

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Documentário em vídeo: A Maestrina Chiquinha Gonzaga Série 500 anos de História do Brasil - Guilherme Fontes Filmes - GNT, 1999 Apresentado pela atriz Carolina Ferraz Além da participação da biógrafa da maestrina, Edinha Diniz, conta também com depoimentos da pianista Clara Sverner, do músico Paulo Moura, da atriz Rosamaria Murtinho, da escritora Maria Adeláide Amaral, do musicólogo Ary Vasconcelos, do ator Mário Lago, entre outros. O vídeo foi editado especialmente para o site. Disponível em 9 partes no You tube. Clique nas partes abaixo para acessar todo o conteúdo do documentário.

Pixinguinha

  O crítico e historiador Ari Vasconcelos sintetizou de forma admirável a importância desse fantástico instrumentista, compositor, orquestrador e maestro: “Se você tem 15 volumes para falar de toda a música popular brasileira, fique certo de que é pouco. Mas se dispõe apenas do espaço de uma palavra, nem tudo está perdido; escreva depressa: Pixinguinha.” Uma rápida passagem pela sua vida e sua obra seria suficiente para verificar que ele é responsável por façanhas surpreendentes, como a de estrear no disco aos 13 anos de idade revolucionando a interpretação do choro. É que naquela época (1911) a gravação de disco ainda estava em sua primeira fase no Brasil e os instrumentistas, mesmo alguns ases do choro, pareciam intimidados com a novidade e tocavam como se tivessem pisando em ovos, com medo de errar. Pixinguinha começou com segurança total e improvisou na flauta com a mesma tranqüilidade com que tocava nas rodas de choro ao lado do pai e dos irmãos, também músicos, e dos m

Eleições e presídios

por Wálter Fanganiello Maierovitch No fim de março, quando estava a trabalho em Roma, recebi e-mail de uma ilustre repórter da Folha de S.Paulo. Ela colhia dados sobre a admissibilidade do voto de presos em regime fechado. Na ocasião, a Itália estava às vésperas da sua midterm, ou seja, das eleições administrativas regionais (estaduais), nas quais o sufrágio era facultativo. Com decisivo apoio da Liga Norte (Carroccio), antigos separatistas da Padânia, o premier Silvio Berlusconi “levou”, incluídos os votos de presos provisórios processados criminalmente como ele, os governos do Piemonte (Turim), Lombardia (Milão), Vêneto (Veneza), Lazio (Roma), Campânia (Nápoles) e Calábria (Reggio Calabria). No Brasil, como em Estados membros da União Europeia, a definitiva pena criminal de privação de liberdade tem a finalidade ética de emenda. Busca-se reeducar para a cidadania. Por outro lado, por inspiração da França e da Itália, consolidaram-se os princípios da presunção de inocência (França)

Ações do documento O tempo reabre as feridas

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  por Antonio Luiz M. C. Costa Não é fácil um país deixar para trás um passado de discriminação e violência racial, mesmo se conta com um Nelson Mandela. As reações a assassinato do líder racista Eugene Terre’Blanche mostram, a dois meses da Copa do Mundo na África do Sul, que a nação mais desenvolvida do continente continua a ser um barril de pólvora. “Racista”, no caso de Terre’Blanche, é eufemismo: as bandeiras e os uniformes de seus liderados são neonazistas. Depois de ter servido na polícia da ex-colônia do Sudoeste Africano (hoje Namíbia) e na guarda presidencial, rebelou-se contra o pragmatismo do primeiro-ministro John Vorster (1966-1978), um ex-nazista que permitiu a diplomatas negros morarem em bairros “brancos” e não quis reconhecer o governo branco da Rodésia (atual Zimbábue). Terre’Blanche fundou o Movimento de Resistência Africâner, cujo primeiro ato político relevante foi chefiar 40 valentões para cobrir de piche e penas um professor de história branco que questio

Enem 2009

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A evolução do sistema eleitoral brasileiro

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A Independência do Brasil obrigou o país a buscar o aperfeiçoamento de sua legislação eleitoral, embora durante todo o Império as normas vigentes para as eleições tenham sido copiadas do modelo francês. A primeira lei eleitoral, de 3 de janeiro de 1822, assinada pelo príncipe regente, convocou eleições para a Assembléia Geral Constituinte e Legislativa, formada pelos deputados das províncias do Brasil. O pleito deu-se em dois graus. Não votavam em primeiro grau os que recebessem salários e soldos e para a eleição de segundo grau exigia-se "decente subsistência por emprego, indústria ou bens". O cálculo do número de eleitores continuava a ser feito a partir do número de fogos (casas) da freguesia. Em 25 de março de 1824, D. Pedro I outorgou a primeira Constituição brasileira, que estabeleceu que o Poder Legislativo seria exercido pela Assembléia Geral, formada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado, determinou eleições indiretas e em dois graus e estabeleceu o voto c

Festival de Inverno - Ponte Nova

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Foto: Grupo Aruanda   A Secretaria de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo da Prefeitura de Ponte Nova realiza de 18 a 25 de julho, a 4ª edição do Festival de Inverno de Ponte Nova. Na programação constam: cursos, oficinas, espetáculos de dança de rua, shows musicais com artistas de renome nacional, artistas locais e da região; circuito de cinema, espetáculo de palco, teatro de rua, feira de artesanato, exposições de cultura e simpósio sobre política cultural do município. O evento mostrará um histórico show de Tunai, artista pontenovense, que comemora 30 anos de carreira, se apresentará ao lado de Wagner Tiso, músico mineiro de expressão internacional, um dos criadores do "Clube da Esquina" (vide abaixo). Eles iniciam turnê comemorativa em nossa terra e depois percorreram dezenas cidades brasileiras e estrangeiras.   Programação Dia 18/7 (domingo), a partir de 9 horas, abertura oficial na Praça de Palmeiras, com apresentações das Co

Urna Eletrônica

Get Flash to see this player. O documentário conta a história da urna eletrônica a partir de sua implantação, em 1996, até os dias de hoje. A urna eletrônica é um microcomputador de uso específico para eleições, com as seguintes características: resistente, de pequenas dimensões, leve, com autonomia de energia e com recursos de segurança. Dois terminais compõem a urna eletrônica: o terminal do mesário, onde o eleitor é identificado e autorizado a votar e, em alguns modelos de urna, onde é verificada a sua identidade por meio da biometria; e o terminal do eleitor, onde é registrado numericamente o voto. O terminal do mesário possui um teclado numérico, onde é digitado o número do título de eleitor, e uma tela de cristal líquido, onde aparece o nome do eleitor, se ele pertencer àquela seção eleitoral e se estiver apto a votar. Antes da habilitação, nas seções onde há identificação biométrica, o eleitor tem sua identidade validada pela urna. Desta forma

Baixos salários afastam professores qualificados - Charges

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Rede pública tem só duas escolas entre as 20 melhores do Enem 2009

Entre as 20 piores, 19 são estaduais e uma é municipal. Novo exame permite comparação ao longo do tempo. Fernanda Nogueira e Vanessa Fajardo Do G1, em São Paulo  A rede pública de ensino do Brasil tem apenas duas escolas entre as 20 melhores do país no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2009. Os dados foram divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) nesta segunda-feira (19). Entre as 20 escolas com as piores médias, 19 são estaduais e uma é municipal. As escolas públicas bem colocadas são o Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais, no 7º lugar, e o Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (CAP-Uerj), que funciona na Universidade do Estado do Rio de Janeiro e ficou na 17ª posição. Confira a lista completa das escolas :   http://g1.globo.com/vestibular-e-educacao/noticia/2010/07/veja-o-resultado-do-enem-2009.html   O Colégio Vértice, em São Paulo, foi o melhor colocado, com a média geral 749

Arte tecida na fé

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Restauradores de São João del-Rei, no Campo das Vertentes, estudam, há 10 anos, a obra de um escultor do século 18 que produzia, em Minas, imagens de santos em pano, técnica rara no país Gustavo Werneck FOTOS: BETO NOVAES/EM/D.A PRESS Santo Antônio com o Menino Jesus e Nossa Senhora das Dores, mais dois símbolos da beleza dos trabalhos do autor A arte barroca chegou ao século 21 com todo o esplendor das imagens de santos esculpidos em madeira e barro e realçadas por pinturas vibrantes e douramentos. Agora, dois restauradores formados em história abrem as cortinas para outra matéria-prima, o tecido de algodão, que modelou peças igualmente belas e presentes em altares de igrejas de São João del-Rei, Tiradentes e Prados, no Campo das Vertentes. Depois de 10 anos de pesquisas, eles identificaram a autoria do artista Rodrigo Francisco Vieira, que viveu no século 18 e foi responsável também por esculturas produzidas nos suportes tradicionais. Os estudos sobre a técnica e a

O último ancestral

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Geólogo descobre na Arábia Saudita espécie de primata que antecedeu os grandes símios. O Saadanius hijazensis já é considerado peça fundamental no quebra-cabeça evolutivo Paloma Oliveto     Fragmentos do crânio do ‘Saadanius hijazensis’ (foto: Museu de Paleontologia / Univ. de Michigan) Brasília – Em 17 de fevereiro do ano passado, o geólogo Iyad Zalmout, da Universidade de Michigan, levou um agradável susto nas proximidades da montanhosa cidade saudita de Al Hijaz. Era o segundo dia de uma expedição organizada pela instituição norte-americana e pelo Centro de Pesquisas Geológicas da Arábia na formação geológica de Harrat Al Ujayfa. Logo após o almoço, ele notou que havia algo incrustado nos platôs avermelhados que estava escalando. "Eu não tinha ido muito longe e então aconteceu de ver algo junto a um pequeno dente quadrado. Ajoelhei-me e aproximei-me, então gritei em árabe: ‘É um primata, é um macaco!’", contou Zalmout. A empolgação do geólogo se justi

Bestializados ou Bilontras ?

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José Murilo de Carvalho O inicio do regime republicano no Brasil em final do século XIX desencadeou dentro do cenário nacional uma série de expectativas e anseios sobre o imaginário popular, principalmente, de qual seria o direcionamento deste novo regime e de como se daria a nova relação entre os cidadãos e o republicanismo. No cerne desta temática, o capitulo V, do livro: os bestializados, do historiador José Murilo de Carvalho, traz a tona a emblemática de como se estabeleceram as relações entre a nova forma de governo e sua população, especificando exatamente em seus estudos a cidade do Rio de Janeiro, que naquele momento era a atual capital administrativa do regime republicano brasileiro. Intitulado: Bestializados ou Bilontras (o mesmo de espertalhão, gozador),  aborda as visões ou expectativas geradas em torna do cidadão republicano brasileiro. Ao iniciar sua proposta de estudo, o autor lança de premissa que, ao se instaurar o sistema republicano criou-se inúmeras expectat

Você é um Envelhescente?

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Mário Prata Se você tem entre 45 e 65 anos, preste bastante atenção no que se segue. Se você for mais novo, preste também, porque um dia vai chegar lá. E, se já passou, confira. Sempre me disseram que a vida do homem se dividia em quatro partes: infância, adolescência, maturidade e velhice. Quase correto. Esqueceram de nos dizer que entre a maturidade e a velhice (entre os 45 e os 65), existe a ENVELHESCÊNCIA. A envelhescência nada mais é que uma preparação para entrar na velhice, assim com a adolescência é uma preparação para a maturidade. Engana-se quem acha que o homem maduro fica velho de repente, assim da noite para o dia. Não. Antes, a envelhescência. E, se você está em plena envelhescência, já notou como ela é parecida com a adolescência? Coloque os óculos e veja como este nosso estágio é maravilhoso: — Já notou que andam nascendo algumas espinhas em você? Notadamente na bunda? — Assim como os adolescentes, os envelhescentes também gostam de meninas de vinte anos. — Os

Cinquentões

– Não, não se fazem mais velhos como antigamente. – É verdade. Não se fazem. – Veja você. Você está com 54. Lembra quando você era jovem, 54 era um velhinho, não era? – Avô, avô... – Então. E as mulheres de 54? – Bisavós, bisavós... – Não exagera. Avós, também. Aliás, mulher de 40 já tava velhinha. Todas de preto. Iam à igreja. A mãe da gente tinha 40, né? Era uma santa, né? Imagina se fazia os que as de 40 fazem hoje... – Onde é que você quer chegar? – É que a nossa geração mudou tudo. Mudou até a velhice. A gente é de uma turma que rompeu com tudo. Esse negócio de Beatles, Rolling Stone, pílula, tropicalismo, isso fez mudar tudo. – Prossiga. – É que a gente mudou os velhos que a gente ia ser. Veja a sua roupa. Você está vestido igual a um cara de 20, 30 anos. Você não está de terno e gravata como os cinqüentões de antigamente. – Você está é justificando a nossa velhice. – Que velhice, cara! Você hoje faz tudo que um cara de 20 faz. – Mais ou menos, mais ou m

Uma tese é uma tese

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Uma tese é uma tese MARIO PRATA Sabe tese, de faculdade? Aquela que defendem? Com unhas e dentes? É dessa tese que eu estou falando. Você deve conhecer pelo menos uma pessoa que já defendeu uma tese. Ou esteja defendendo. Sim, uma tese é defendida. Ela é feita para ser atacada pela banca, que são aquelas pessoas que gostam de botar banca.  As teses são todas maravilhosas. Em tese. Você acompanha uma pessoa meses, anos, séculos, defendendo uma tese. Palpitantes assuntos. Tem tese que não acaba nunca, que acompanha o elemento para a velhice. Tem até teses pós-morte. O mais interessante na tese é que, quando nos contam, são maravilhosas, intrigantes. A gente fica curiosa, acompanha o sofrimento do autor, anos a fio. Aí ele publica, te dá uma cópia e é sempre - sempre - uma decepção. Em tese. Impossível ler uma tese de cabo a rabo. São chatíssimas. É uma pena que as teses sejam escritas apenas para o julgamento da banca circunspecta, sisuda e compenetrada em si mesma. E n